Mundo terá 2,6 milhões de robôs até 2019, mas isso não significa perda de empregos. |
O número de robôs com inteligência artificial operando em fábricas e empresas dos mais diversos setores vai chegar a um total de 2,6 milhões de unidades em todo o mundo até 2019. A expectativa é que até lá 1,4 milhão de novas máquinas entrem em operação. Mas isso não necessariamente vai se refletir em menos empregos. Essa é a principal avaliação de um estudo inédito feito pelo Banco Mundial chamado "A mudança na natureza do trabalho".
Segundo o estudo, é a própria tecnologia que está estabelecendo a demanda pela criação de um novo perfil de empregos. Em vez de trabalhos repetitivos, as empresas têm contratado profissionais focados em solução de problemas. O relatório cita o caso de uma empresa dona de uma plataforma de tecnologia financeira da China. A companhia criou mais de 3.000 vagas direcionadas ao gerenciamento de risco e a trabalhos de análise de dados para aprimorar algoritmos para empréstimos digitalizados.
Na esteira do avanço de smartphones e tablets, outras áreas que vêm despontando no mundo estão ligadas ao desenvolvimento de aplicativos móveis e voltadas para o design de realidade virtual. Outro caso citado no relatório é o trabalho online. Uma companhia americana treinou mais de 20 mil programadores de software na África, como Nigéria, Lagos e Uganda, usando ferramentas gratuitas de aprendizado online. A expectativa é gerar mais 100 mil postos até 2024.
Por isso, o estudo é enfático: "Temores em torno da inovação, que já transformou os padrões de vida, são infundados. A tecnologia digital estimula a inovação, interrompendo antigos padrões. Novos modelos de negócios, como plataformas digitais, evoluem a uma velocidade vertiginosa, desde start-ups locais a gigantes globais. Novos mercados e empregos estão impulsionando a demanda por funcionários com habilidades de trabalho em equipe, comunicação e solução de problemas".
Se o futuro prevê empregos com novas habilidades, os do passado estão com os dias contados. Isso porque mais de dois terços dos robôs operam hoje nos setores automotivo, elétrico e metálico e indústrias de máquinas. Com isso, haverá cada vez mais uma substituição da mão de obra. A Foxconn, que produz aparelhos eletrônicos, como iPhones, cortou sua força de trabalho em 30% com a introdução de robôs em seus processos industriais. A Ant Financial, uma fintech da China, usa big data para avaliar os contratos de empréstimo em vez de contratar milhares de agentes de crédito ou advogados. A Adidas, ao instalar impressoras 3-D em fábricas na Alemanha e nos Estados Unidos, cortou mais de mil empregos no Vietnã.
- A natureza do trabalho está mudando rapidamente. Não sabemos quais os trabalhos as crianças irão ter no futuro porque muitos deles ainda não existem. O grande desafio é estimular habilidades, como saber resolver problemas e ter pensamento crítico, assim como desenvolver habilidades como empatia e colaboração - disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.