Mineiros criam software que agiliza ações judiciais. |
Imagine uma sala com mais de 300 mil pastas? E em cada uma delas documentos e informações referentes a uma ação judicial? Esse é o volume de processos recebidos por muitas empresas, que têm de lidar com o desafio de espaço e pessoal suficiente para cuidar de cada um deles. Pensando nisso, mineiros desenvolveram um software de automação capaz de buscar a movimentação de processos antigos, inserir dados em sistemas jurídicos, além de informações sobre as ações ativas e já encerradas.
De acordo com o diretor da empresa responsável pelo projeto, Marco Flávio Neves, a ferramenta surgiu em decorrência do aumento significativo da judicialização nas empresas, junto com a necessidade de resultados positivos e redução de custos com os processos. “Na medida em que se aumenta a massa de processos, fica cada vez mais inviável ter uma informação gerencial e operacional acurada e segura, pois é impossível manter atualizada uma quantidade de 20, 50 ou 300 mil processos”, explicou.
O especialista contou que, caso as carteiras de volumes continuassem a ser geridas como eram, os custos se tornariam inviáveis. “Como regra geral, sempre que houver um volume muito grande de operações a serem realizadas, o custo da ferramenta será sempre mais interessante, trazendo um resultado qualitativo superior e geralmente em um prazo menor”, comentou. O trabalho realizado pelo E-robô demandaria pelo menos 16 mil funcionários, conforme Neves.
O judiciário no Brasil
Com mais de um milhão de advogados, o Brasil é um dos países com o maior número de profissionais por habitante. E nesse contexto, as ações ajuizadas contra as empresas é cada vez maior e tende a continuar aumentando quase que exponencialmente, segundo o dirigente. “O próprio Poder Judiciário também é beneficiado com a informatização da carteira de volume dos departamentos jurídicos. A utilização de robôs para o monitoramento de novas ações, por exemplo, faz com que as companhias procurem os autores para uma composição amigável antes mesmo de sua citação, evitando-se o uso da máquina forense em ações judiciais intermináveis”, destacou.
Esse processo resulta também em economia para os cofres públicos. Com menos ações, o Poder Judiciário teria mais tempo para resolver outras questões que afetam a população, como julgamento de crimes, ações trabalhistas e da vara da família. “Já existem medidas para diminuir o número de processos existentes, sendo a principal a aceleração do processo judicial eletrônico”.
A empresa, juntamente com um escritório de advocacia de Belo Horizonte, implantou o software para uma das maiores redes varejistas do país. Entre os objetivos, estava auditar a carteira de processos cíveis em busca de ações encerradas. “Os e-robôs buscaram informações nos tribunais onde a varejista tinha ações cíveis ativas e, com base em uma série de premissas criadas pela equipe jurídica, indicaram as ações encerradas, tempo do encerramento e informações secundárias importantes das ações ativas, como as que já tinham acordos homologados”, finalizou. No final da operação, o número de processos em aberto caiu 10% e verificou-se ainda que quase 7% deles já tinham acordo homologado. [ Fonte: Metro ]