Especialistas em computação criam algoritmo que envelhece rostos jovens e vice-versa. |
Quantas rugas você terá dentro de 20 anos? Já existem técnicas para simular a aparência que determinada pessoa apresentará nas décadas seguintes da sua vida, mas elas costumam ser caras e demoradas. Agora, o especialista em computação Grigory Antipov, dos laboratórios Orange, na França, desenvolveu com sua equipe um algoritmo que permite fazer isso com facilidade. A técnica não só envelhece rostos jovens como também cria versões rejuvenescidas de indivíduos mais idosos.
Antipov desenvolveu um software de aprendizagem profunda (ou seja, um conjunto de algoritmos com aprendizagem automática) para solucionar um problema dos sistemas anteriores, que permitiam alterar os rostos de diferentes maneiras, mas sem manter as características pessoais do indivíduo. Assim, os traços de um menino de 12 anos não eram identificáveis na fotografia envelhecida.
O enfoque do programador exige duas máquinas trabalhando juntas: um gerador de rostos e um discriminador facial. Ambas aprendem a aparência dos rostos à medida que estes envelhecem, usando para isso a análise de fotografias de pessoas de seis faixas etárias (0-18, 19- 29, 30-39, 40-49, 50-59 e mais de 60 anos).
O sistema foi treinado com 5.000 rostos de cada grupo, tirados da base de dados Internet Movie e da Wikipedia e posteriormente etiquetados com a idade da pessoa. Dessa forma, a máquina aprende os traços característicos de cada faixa etária e os aplica em outros rostos para que pareçam ter a idade determinada. Como isso pode causar a perda de identidade, a segunda máquina — o discriminador facial — analisa a imagem envelhecida para saber se o indivíduo está reconhecível. Se não estiver, a imagem é automaticamente rejeitada.
A equipe aplicou a técnica a 10.000 rostos da base de dados que não tinham sido usados na fase de treinamento do sistema, e depois testaram as imagens do antes e depois com um software chamado OpenFace, que pode dizer se duas imagens mostram ou não a mesma pessoa. O software detectou com precisão 80% das imagens, enquanto outras técnicas de envelhecimento facial obtêm apenas 50% de fidelidade aos traços das pessoas fotografadas.
Antipov afirma que sua técnica poderia ser usada por autoridades de segurança e inteligência na identificação de criminosos procurados pela polícia ou de pessoas que estiveram desaparecidas durante muitos anos. “A versão devidamente envelhecida de uma foto fornecida pela família, por exemplo, pode dar uma ideia da aparência dessa pessoa na atualidade”, explica. O especialista observa que o algoritmo também pode ter uma possível aplicação no mundo do entretenimento.