Como entrar no mercado de TI nos Estados Unidos? |
O Vale do Silício é considerada a região mais inovadora do mundo. Nesse sentido, o sonho de muitas empresas de tecnologia é fazer negócios na região, e há uma demanda crescente de startups brasileiras das áreas de serviços e TI interessadas nesse mercado. No entanto, de acordo com Ricardo Normand, sócio da consultoria Drummond Advisors, não é obrigatório acessar o mercado americano por meio da exportação, e sim com um bom planejamento.
A seguir, confira cinco dicas para uma empresa de tecnologia se estabelecer em solo americano:
Enxergue além do Vale do Silício. Uma empresa de TI pode ter boas oportunidades em qualquer ponto do extenso território norte-americano. Tudo depende do segmento de atuação, presença de clientes, mão de obra qualificada e, muitas vezes, do impacto do fuso horário em relação à matriz no Brasil, caso haja compartilhamento dos serviços prestados. Antes de escolher o estado ou cidade de destino, faça um estudo amplo que atenda os objetivos e particularidades do seu negócio. Os requisitos para obter benefícios fiscais e incentivos do governo variam de acordo com o estado, mas, em regra, a capacidade de geração de empregos é vista com bons olhos. Muitas dessas vantagens são aplicadas antes da abertura da empresa – mais um motivo para não deixar a escolha do local para a última hora.
Busque informações sobre a legislação tributária. Fatores como tipo de entidade, estrutura societária e local de atuação determinam as implicações fiscais, pois influenciam nos valores das alíquotas, afetando diretamente os rendimentos da empresa. Ricardo Normand ressalta que, para reduzir o impacto tributário e maximizar o retorno financeiro, é possível abrir a empresa em um estado americano e atuar em outro. Isso precisa ser definido em um planejamento que deve considerar os tributos cobrados em âmbito federal, estadual e municipal. “Fique atento a tributos que podem ser aplicados em níveis diferentes, como o imposto de renda, que em alguns lugares do país é cobrado pelo órgão federal e estadual”, alerta Normand.
Saiba identificar os bens intangíveis. Aqueles que não possuem materialidade física, como softwares, marcas e patentes. A cobrança de tributos sobre a comercialização de intangíveis muda conforme o local de atuação, por isso muitos investidores tendem a escolher lugares fiscalmente mais favoráveis. Em paralelo, tenha certeza de que seus bens intangíveis estejam devidamente lançados no balanço da empresa no Brasil, caso contrário haverá dificuldades em transferi-lo para os EUA.
Defina o melhor formato da empresa nos EUA. O escritório de representação é a forma mais comum porque não exige a criação de pessoa jurídica. A filial também não requer PJ, porém implica em obrigações tributárias, como a alíquota máxima de 30% antes do envio de dividendos à matriz. Outra opção é a subsidiária, que consiste na criação de uma pessoa jurídica independente, modelo que, diz Normand, “pode impactar na estrutura tributária da controladora do Brasil”. Ele acrescenta que a escolha do tipo de entidade depende do perfil do empreendimento e aconselha: “não deixe de fazer, com a ajuda de um especialista, uma análise minuciosa das peculiaridades do seu caso já pensando nas perspectivas futuras da empresa nos EUA”.
Crie um plano de internacionalização. “O mercado americano não é para amadores, pois a concorrência é muito maior e mais profissional”, salienta. O empreendedor precisa criar um plano inicial com foco no(s) segmento(s) de clientes que vai atender, proposta de valor e recursos humanos e financeiros para executar o plano. O ideal é desenhar uma estratégia de crescimento antes mesmo da abertura da empresa. “Quase sempre haverá necessidade de adequação do plano inicial quando a operação nos EUA começar, mas é mais fácil adaptar uma estratégia inicial do que criar uma do zero já com os custos operacionais da operação em dólar”, salienta Normand.