Cracker rouba R$ 165 milhões de projeto de financiamento coletivo. |
O maior projeto de financiamento coletivo da história, com mais de US$ 160 milhões arrecadados, foi hackeado e teve cerca de US$ 50 milhões roubados por um cracker. Agora ele vive dias de crise.
DAO é a sigla para "Organização Autônoma Descentralizada (Descentralized Autonomous Organization)" e destina-se a empresas que se administram automaticamente por meio de instruções pré-programadas e sem qualquer intervenção humana.
O objetivo aqui era criar diversas empresas que pudessem realizar vários serviços sem a atuação humana. Isso diminuiria os gastos e, ironicamente, poderia acabar com a corrupção. Os lucros gerados por essas empresas seriam compartilhados entre todos os “acionistas” que investiram na ideia.
Outro detalhe é que os serviços jamais poderiam cessar de existir por conta de influências externas. Para acabar com uma empresa digital, seria necessário desligar a internet.
Mas o que essa organização produz? Nada e tudo. DAO não é uma empresa, ela é uma plataforma de investimentos que engloba projetos criados por pessoas do mundo inteiro. Funciona como uma página de crowdfunding, mas com uma estrutura totalmente descentralizada onde é a comunidade de investidores que decide por votos qual projeto irá receber recursos financeiros para sair do papel.
Entretanto, os organizadores da ideia talvez não esperassem que a ganância humana fosse mais forte do que muitos mecanismos de segurança. Assim, um cracker conseguiu desviar US$ 50 milhões dos fundos. Para isso, ele usou as regras do próprio sistema e fez com que o dinheiro arrecadado fosse direcionado para divisões e subdivisões que ele próprio criou. Seria como uma empresa com diversos “setores fantasmas” que recebem verba.
O roubo de aproximadamente um terço de todo o dinheiro investido seria o suficiente para que o The DAO fosse considerado um fracasso histórico. Contudo, essa história parece ainda não ter chegado ao fim e ganha novos contornos.
Isso pelo fato de que alguns membros da comunidade de investidores resolveram bancar os investigadores buscando e tentando banir os responsáveis pelo ataque cibernético. De outro lado, um grupo propõe que o sistema se dissolva e devolva o valor investido para quem apostou na ideia e agora se vê prejudicado por questões técnicas. Essa ação colocaria fim em todo o projeto.
Se você acha que isso já seria o suficiente para uma história no mínimo interessante, saiba que ela ainda não chegou ao fim. O clímax se dá quando um novo grupo, este autodenominado “Robin Hood”, busca vingança contra o cracker.
O brasileiro Alex Van De Sande faz parte desse grupo de vingadores e o objetivo deles é tomar de volta os recursos que foram desviados pelo criminoso digital usando o mesmo método fazendo-o provar do próprio veneno. Seria um efeito cascata. Ou seja, criar mais subdivisões e permitir que o dinheiro seja redirecionado para essas partições e, então, realocado como investimento no The DAO.
Parece um pouco complicado de entender, mas a estratégia do contra-ataque tem dado certo. Não há uma indicação, porém, do quanto já foi recuperado. O que se sabe é que a batalha para garantir a vida de uma ideia que poderia o mudar o mundo em que vivemos segue viva.