[ Artigo ] Porque diachos não damos prioridade na Ciência e Tecnologia por aqui? |
Apesar de todos sabermos que a ciência e tecnologia é o marco fundamental para uma sociedade evoluir e crescer, ainda passamos na 'via-crúcis' no Brasil, quando a questão é investimentos nesse setor. Vamos a alguns números:
50 mil pesquisadores 'fugiram' do Brasil.
Dentre eles a respeitadíssima neurocientista Suzana Herculano-Houzel, deu adeus ao país. Ela trocou o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Em carta, disse “ter-se cansado do ambiente que incentiva a mediocridade”. “A ciência brasileira está agonizante”, escreveu ela na revista “Piauí”.
Em 2015, 49.735 pesquisadores deixaram o Brasil rumo a universidades estrangeiras, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). ( Veja a matéria completa aqui )
Fusão de Ministérios
A decisão do presidente interino, Michel Temer, de fundir o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o Ministério das Comunicações (MC) foi recebida com muitas críticas pela comunidade científica. O setor, que já convivia com cortes orçamentários no segundo mandato da presidente afastada, Dilma Rousseff, se vê agora, no início da nova gestão, envolto em incertezas. Para entidades da área, que divulgaram um manifesto no qual chamam a junção das pastas de “medida artificial”, a novidade sinaliza uma falta de prioridade em relação aos investimentos em pesquisas. Eles temem a deterioração de uma situação que já estava ruim.
O caminho inverso na questão de Supercomputadores
Supercomputadores são um investimento baixo (Se comparado com Copa do Mundo e Olimpíadas que são coisas passageiras), mas com retorno altíssimos, nele podemos descobrir novas vacinas, jazidas de petróleo ou até mesmo salvar vidas, prevendo grandes tempestades. O Brasil já chegou a figurar como décimo país com mais supercomputadores no mundo, mas hoje vai ladeira abaixo possuído apenas 4 na lista dos TOP500, a título de comparação a China tem 167 supercomputadores e o Estados Unidos 165 supercomputadores. Na verdade podemos perder mais e justamente o mais poderoso da América Latina, o Santos Dumont, por um motivo que pode até parecer piada: Falta de dinheiro para pagar a luz, cerca de R$ 500 mil reais. (O mesmo custo de três deputados federais por mês).
Crise não é desculpa para cortar verbas da Ciência.
Marcelo Viana traz em sua biografia algo que o difere de todos todos os 7,3 bilhões de habitantes do mundo. Ele é o único matemático do planeta (e único cientista da terra brasilis) a ser agraciado com o Grande Prêmio Científico Louis D., maior honraria científica concedida na França. Em uma entrevista ele disse que crise não é desculpa para corta verbas de nossa ciência confira a justificativa:
"O fato de a situação econômica estar ruim não é desculpa, porque outros países na mesma situação estão aumentando os investimentos em ciência. A China está mal das pernas e está aumentando muito o orçamento em ciência, apesar da crise. Quando Obama assumiu o governo dos Estados Unidos em um momento de crise e desemprego, ele pisou no acelerador para investir em ciência. Nos EUA, investiu-se em pesquisa de energias renováveis e de tecnologias da informação. A saída do fundo do poço é investir em novas áreas de produção econômica. Assim, você lança as bases em áreas da ciência para tirar o país da crise. Só que, no Brasil, estamos fazendo exatamente o contrário.
O corte de verbas é muito ruim para a ciência, porque interrompe projetos. A ciência não é algo que se liga e desliga, que se interrompe e depois se pode continuar. Você não "religa", porque o corte causa uma descontinuidade nos projetos de pesquisa. Inclusive, já estamos vendo pesquisadores brasileiros chutarem o balde e dizer que não dá para ficar correndo atrás de dinheiro". - Marcelo Viana. ( Veja entrevista completa ).
Conclusão...
Até quando vamos ficar sendo piada na questão de Ciência, temos a maior floresta do mundo, um país continental, 200 milhões de habitantes, eramos para ser uma potência tecnológica, mas aqui se prioriza uma coisa: Corrupção. Como estamos observando na operação lava-jato, é praticamente uma década jogada fora, rombo de bilhões, e a ciência? já era esquecida, ficou mais ainda para trás...
Até quando?
*Cláudio Florenzano, é Gestor de Tecnologia da Informação, Pós-Graduando em Segurança da Informação, Ativista de Tecnologia, Fundador e Editor-Chefe da Comunidade Brasileira de Sistemas de Informação.