Após 10 anos e 30 reprovações, Técnica de Informática passa na Polícia Federal. |
O mantra “quem acredita, sempre alcança” se encaixa muito bem na história de Gabriela Melo, de 30 anos, que sonhava com uma vaga na Polícia Federal. Ela demorou 10 anos e teve 30 reprovações em concursos públicos até conseguir passar e assumir o cargo de agente administrativo da PF, em 2014. Foram mais de 32 mil candidatos para 23 vagas de nível médio, uma concorrência média de 1.399,35 candidatos por vaga.
“Só quem já passou por isso sabe o que é ver seu nome no Diário Oficial. É o aplauso público por toda sua luta e sofrimento que ninguém vê. Fui aprovada por esses 10 anos de estudo e esforço. Pensei em ligar para todo mundo e fiquei paralisada”, lembra Gabriela. Após a divulgação do resultado final, ela demorou seis meses para ser convocada para a posse.
Entre todas as seleções, ela foi chamada para assumir três cargos. Entre as 30 reprovações estão: Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal, Polícia Civil do Distrito Federal, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), Agência Nacional do Cinema (Ancine), Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Petrobras e Ministério do Trabalho.
Com formação técnica em informática, ela fez seu primeiro concurso em 2004 para o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), mas não passou. A primeira aprovação veio em 2007 como cabo na Marinha, na especialidade de técnico em informática. “A Marinha foi um grande marco na minha vida porque me deu condição de pagar a minha faculdade e ajudar meus pais. Não tinha tempo e eu tive que escolher entre dormir e estudar”, lembra.
Em 2013, Gabriela seria promovida a sargento, mas resolveu deixar a carreira militar para ir atrás de seu sonho pela PF. Ela conversou com seus pais e voltou para casa. “Fiquei em casa, desempregada e estudando. O sonho de consumo era a Polícia Federal e larguei tudo para apostar nisso”.
Nesse período, ela fez o concurso da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Civil do Distrito Federal, mas foi reprovada na prova discursiva. Depois disso, veio o concurso da Polícia Civil do Rio de Janeiro e Gabriela sofreu uma lesão na coluna. “Fiquei 6 anos na Marinha e engordei 20 kg. Quando emagreci e estava alcançando os índices pedidos nos testes de aptidão física (TAF), me lesionei e reprovei”.
Já em 2014, quando ela já tinha voltado a treinar veio outro problema de saúde: pedras na vesícula. Ela não poderia fazer seleções que tivessem teste físico, então viu no concurso para agente administrativo da Polícia Federal, que não tem TAF, uma oportunidade, alcançando sua aprovação depois de 10 anos de estudo.
Logo depois, Gabriela também foi aprovada no cargo de agente administrativo no Ministério do Trabalho, mas não pretende mudar. “Penso em trocar de cargo dentro da Polícia Federal mesmo”, conta.
Técnicas de estudo
Segundo Gabriela, quando seu estudo começou, em 2004, não tinha organização e direcionamento. “Hoje eu vejo porque demorei tanto para passar”, ressalta. Mesmo assim, ela não deixou a preparação de lado durante as longas jornadas de trabalho na Marinha e a faculdade. Quando o estudo se tornou seu foco principal, em 2013, Gabriela fez uma programação semanal com 6 aulas por dia, mais treinamento físico. Ela estudava cerca de três disciplinas por dia e a carga horária variava de acordo com a dificuldade. Português, matemática e raciocínio-lógico foram as disciplinas mais difíceis.
Gabriela estudava, em média, 10h por dia, mas chegou até a 12h. Mas, segundo ela, iniciar com uma média de 4h por dia é uma boa opção. Resumos, mapas mentais de conteúdo, revisão de conteúdo e de questões também fizeram parte da sua estratégia.
“Eu já era acostumada a uma rotina intensa e só troquei uma pela outra. Mas a preparação tem que ser como uma academia, começando com uma série leve e ir aumentando”. Um mês antes da prova, ela recomenda manter o foco em revisão e resolução de questões de provas anteriores da banca.