Área de lazer do novo prédio do Google Brasil em Belo Horizonte. |
No momento em que a engenharia vive o seu pior pesadelo, com o fechamento de 20 mil vagas no ano passado, a gigante Google está à caça de novos talentos no Brasil e espera contratar cerca de 100 engenheiros da área da ciência da computação. Otimista e sem medo algum da crise econômica, a empresa inaugurou, ontem (04 de Abril de 2016), novo escritório em Belo Horizonte, único centro dedicado exclusivamente à pesquisa e ao desenvolvimento da América Latina. A empresa está há 11 anos na capital mineira e já investiu nesse tempo US$ 200 milhões. Hoje, são aproximadamente 100 funcionários de todos os estados brasileiros trabalhando por lá e a promessa da marca é, com a ampliação, dobrar o número de trabalhadores.
Aberto a contratar e em busca de talentos, o Google nada contra essa maré. Em um universo completamente diferente das empresas tradicionais, o novo escritório do site tem 4,8 mil metros quadrados distribuídos em quatro andares e está localizado no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste de BH. Desde 2005, o Google tem escritório em BH, como parte de “investimento continuo e de longo prazo no Brasil”. Antes, funcionava na Avenida Bias Fortes e, como as salas eram menores, o escritório ocupava oito andares do prédio. A empresa não revela o valor gasto para a sua ampliação. “Os brasileiros perderam o seu poder de consumo com essa situação econômica, mas querem continuar se informando. O Brasil sempre foi assim, tem suas oscilações. Apostamos que vai melhorar. Estamos otimistas”, comentou o diretor-geral do Google no Brasil, Fábio Coelho, ontem, durante a inauguração do espaço.
Com projetos voltados para o melhoramento e desenvolvimento do site, a empresa procura profissionais com bacharelado em engenharia, com mestrado ou doutorado em áreas correlacionadas à ciência da computação. “É preciso que esse profissional seja fluente em linguagem de programação”, comenta o diretor de engenharia para a América Latina, Berthier Ribeiro-Neto. Quem está lá garante que o inglês é fundamental.
Outro espaço do novo prédio do Google Brasil em Belo Horizonte. |
Camila Matsubana, com mestrado na Universidade de São Paulo, é engenheira de software e está há três anos em BH. Veio ao conseguir ser contratada pelo Google e conta que ama o que faz. “Aqui, é preciso saber trabalhar em equipe. Vim de São Paulo, aluguei um apartamento e, hoje, comprei o meu, na Zona Sul”, conta. A empresa não diz o quanto paga pelo trabalho de seus funcionários, mas os que ali estão se dizem satisfeitos.
Os quatro andares do novo escritório são surpreendentes. Além de bem decorados, há a mistura de bem-estar e trabalho. Em cada andar, há uma cozinha. As pessoas trabalham à vontade, inclusive, de chinelos. Há sala de ginástica, salão de beleza, e até mesmo uma sala de jogos, com sinuca, videogames e ping-pong. “Isso tudo nos ajuda a desestressar e estimula a criatividade. Às vezes, você está jogando sinuca e conversando sobre projetos, o que gera boas ideias”, afirma Camila. O funcionário tem café da manhã, almoço e lanche, tudo por conta do Google. “Trabalhamos oito horas por dia e às vezes mais. Mas o horário é flexível”, ressalta Camila.
Na universidade
A presença do Google em BH começou com a aquisição do Akwan Information Technologies, fundada em 2000 por um grupo de acadêmicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A Akwan foi criada para oferecer serviços de busca no Brasil. Em 2005, a empresa foi adquirida pelo Google e um dos seus cofundadores, Berthier Ribeiro-Neto, se tornou o diretor de engenharia do Google para a América Latina.
Comando de voz e saúde são desafios
Considerado o sonho de muitos, entrar no Google é ter muitos desafios pela frente. Desde o ano passado, mais de 50% das buscas feitas no site estão sendo por meio de smartphones, conforme observou a empresa. Dentro disso, a melhora entre os recursos oferecidos estão em constantes mudanças, e uma delas é a busca pelo áudio para endereços pesquisados. Por exemplo, ao falar para o Google, pelo áudio do celular, a palavra Estádio do São Paulo, aparece o Morumbi. Segundo conta Bruno Possas, engenheiro responsável pela busca do Google, há dois anos uma equipe de 25 pessoas está debruçada em deixar esse serviço cada vez mais próximo do dia a dia do usuário. “O estádio do São Paulo, por exemplo, é conhecido como Morumbi. O desafio foi fazer com que a busca reconheça esses diferentes nomes para um mesmo lugar”, diz.
Os projetos de melhoramento em buscas é feito pela equipe de Belo Horizonte e usado e testado no mundo. O Health Search, que é o projeto de busca por questões de saúde, por exemplo, acabou de lançar uma novidade, que foi testada, primeiro em outros países, e, há poucos dias, chegou para os brasileiros. O Google percebeu que 5% das buscam feitas são relacionadas ao tema saúde. Porém, nem todas as informações que chegavam ao usuário eram de confiança, algumas com fontes duvidosas.
“Queremos que as informações encontradas sejam de qualidade. Fizemos uma parceria com o Hospital Albert Einstein e, com orientações baseadas em evidências médicas, temos 400 doenças com informações nossas. A pesquisa pelo mal zica, por exemplo, aumentou 3.000% no mundo desde outubro. Então, criamos um informativo que, toda vez que a pessoa busca por informações, aparece na tela e há alertas sobre ele”, explica Fred Quintão, gerente de projeto do Health Search.
Fonte: Estado de Minas