Desenvolvedores vencem hackathon com app para "choro livre". |
Da política, do time de futebol, do tempo, do trânsito e de tudo mais: qualquer coisa parece ser uma boa razão para reclamar do nosso dia-a-dia agitado e estressante. E mesmo quando não tem nada errado, ainda assim às vezes sentimos aquela vontadezinha de nos queixarmos de algo, mesmo que seja só para dar uma aliviada no mau humor.
Essa é exatamente a premissa do novo aplicativo Mimimi, um "assistente pessoal de reclamações" onde o choro é livre e qualquer um pode reclamar da vida à vontade, sem o perigo de ser julgado publicamente em redes sociais e com um extra: recebendo uma resposta bem-humorada de volta.
"Qualquer reclamação, qualquer coisa ruim que acontecer com você, é só descarregar no aplicativo", contou Pedro Paulo Corrales Faria, um dos cocriadores do Mimimi. "Quando você estiver em um momento negativo, o app vai lá e arranca um sorriso, dando uma resposta completamente 'cretina' àquilo que você acabou de escrever, usando inteligência artificial".
O serviço surgiu após um brainstorming de ideias de seis desenvolvedores que se conheceram na fila da edição paulistana da hackathon global AngelHack, que foi realizada em parceria com o IBM THINKLab neste final de semana e reuniu 221 participantes e 48 projetos.
Na prática, o app funciona como uma interface de texto em que qualquer um pode reclamar à vontade no aplicativo e receber uma resposta da inteligência artificial do sistema, apelidada de "Chupeta 2000". Se você reclamar que o pneu do seu carro furou, um seco "o trânsito fica melhor sem você" poderá seguir; se a reclamação for da falta de dinheiro, a sugestão do app poderá ser "podia estar trabalhando mais e reclamando menos aqui".
Para detectar as reclamações dos usuários e responder de forma relevante, a equipe integrou a API Natural Language Classifier, do sistema de computação cognitiva IBM Watson, ao app. O time "treinou" a solução durante as 30 horas da hackathon para formar um banco inicial de respostas, mas a expectativa é que agora a aplicação cresça sozinha e crie cada vez mais diálogos possíveis através das mensagens e feedbacks enviados por usuário.
O grupo criou também uma espécie de rede social interna para o app, onde os próprios usuários poderão curtir, descurtir ou dar suas próprias respostas às melhores e piores reclamações do dia — o que também deverá ajudar no refinamento das interações dentro do Mimimi. "A gente acredita que o humor coletivo é muito mais interessante que o de uma pessoa só, então a partir do momento que o app estiver rodando, novos comentários vão surgir e entrar no banco de dados e usar a inteligência coletiva em favor do app, a gente vai buscar o humor nos metadados", explicou Pedro Paulo.
Apesar da vitória na hackathon, o app não para por aqui. O Mimimi foi desenvolvido já com um plano de negócio e escalabilidade formatado e o grupo agora espera transformá-lo em uma plataforma para empresas receberem reclamações em tempo real de clientes. A ideia é utilizar geolocalização e a computação cognitiva para a análise de discurso das postagens de usuários, em busca de menções negativas à marcas ou empresas, que poderão ser utilizadas como analytics para melhoria de produtos e serviços. O app está em fase final de desenvolvimento e ainda deverá ficar em "refinamento" por mais algumas semanas antes de ser colocado no ar para sistemas Android e iOS.