Crianças hackers desmontam e criam objetos tecnológicos em projeto na Bahia. |
Ele é filho de um dos idealizadores do projeto "Crianças Hackers", o
estudante do curso de Engenharia de Computação Cristiano Furtado. As
atividades permitem que as crianças se distraíam com equipamentos de
informática e outros aparelhos eletrônicos, sob supervisão de adultos.
Eles incentivam ainda a relação de troca e socialização entre as
crianças, ao englobar meninos e meninas de diferentes faixas etárias em
diversas oficinas.
"O melhor de todos [objetos transformados pelas crianças] foi as
baratinhas. Utilizamos escova de dente usada, vibracall de celulares
descartados e baterias de relógio. As crianças ficaram fascinadas em ver
que a escova de dente poderia se mover utilizando a vibração.
Fantástico mesmo", lembra o estudante.
Segundo Furtado, a cultura hacker é caracterizada pela abertura e
compartilhamento, não apenas do conhecimento, como também da
criatividade e da liberdade para idealizar novos objetos através de um
processo de descoberta lúdica.
Outra criança que participa do projeto é Luiza Teixeira, de 9 anos.
"Gosto de aprender sobre robôs e mexer em computador. Gostei muito
quando pegamos os brinquedos e colocamos luzes por dentro. Foi bem
legal. Quando crescer quero mexer com tecnologia. Penso em ser cantora
também e vou ser os dois", disse.
Ela conheceu o lugar por meio do irmão, Lucas Teixeira, que é analista
de sistema. "Minha irmã sempre gostou de cultura nerd e mexer em
computadores. Eu descobri o projeto e levei ela. Pensava que as crianças
tinham atividades de noção de matemática, mexiam em computador, mas me
surpreendi quando cheguei lá e vi minha irmã programando um carrinho de
controle remoto através do computador. Fiquei impressionado e com um
pouco de inveja também porque é um trabalho complexo", brinca Lucas
Teixeira.
Cristiano Furtado destaca a importância em desenvolver a curiosidade
infantil e a ampliação da visão das crianças em relação às tecnologias
do cotidiano e tudo o que as rodeiam. "A gente quer que as crianças
entendam como funciona a tecnologia - como a luz liga, essas coisas. A
ideia é mostrar para as crianças que elas são capazes de transformar um
celular em um brinquedo. Diferente do adulto, que pegaria um celular e
descartaria como lixo tecnológico. É o que mais tem acontecido. Fora que
os brinquedos que as crianças não brincavam mais se transformam em
novas possibilidades de diversão", explica Furtado.
A ideia do projeto surgiu junto com uma amiga pedagoga, Ka Menezes, que
é pesquisadora de tecnologias contemporâneas na educação. "Sou
estudante de engenharia da computação e, por entender de tecnologia,
resolvemos fazer essa parceria, já que ela [Ka Menezes] está mais
voltada à área da educação", afirma. O idealizador do projeto fala sobre
a visão negativa que muitos têm em relação ao hacker. "O hacker utiliza
a tecnologia para o bem e o cracker utiliza a tecnologia para o mal.
Ainda existe essa dúvida nas pessoas. É normal", conta. Os encontros
entre as crianças que integram o projeto não acontecem em lugares fixos.
Eles realizam o projeto em pontos diferentes de Salvador como parques e
praças da cidade.