'Hackers Sequestradores' atacam cidades e empresas do interior do Brasil. |
Quando o auxiliar Wellynton Sabino de Andrade chegou ao trabalho e
ligou o computador, nada funcionava. Ele trabalha em uma loja de artigos
para festas em São João e entrou em contato com a empresa que dá
suporte ao programa, descobrindo que o sistema havia sido invadido. Por
enquanto, o trabalho administrativo está sendo feito à mão.
Foram perdidos dados de estoque, cadastros de clientes, fornecedores e
informações financeiras dos últimos cinco anos. Os discos rígidos foram
enviados para uma empresa de informática, que vai tentar recuperar os
dados. “Não tem a quem recorrer. Não tem quem vai arcar com esse
prejuízo, tanto financeiro, para recuperar os equipamentos, quanto a
informação perdida. É como se a empresa não tivesse mais histórico”,
falou Andrade.
O comerciante Michael Carrera Gomes entrou em contato com o hacker por
meio de um e-mail deixado na tela e recebeu a resposta em inglês. O
golpista exigiu US$ 3 mil para devolver os dados. “A gente só não parou a
empresa porque nosso sistema tem duas linhas, uma frente de caixa e uma
retaguarda. Eles conseguiram corromper nossa empresa na retaguarda que é
onde a gente faz todos os lançamentos onde está a informação na base de
dados. Não cederia [à extorsão], só queria tentar identificar para ver
até onde esse pessoal é capaz de chegar pedindo um dinheiro para
devolver o backup”, disse.
Investigações
O golpe foi o mesmo praticado contra a Prefeitura de Pratânia (SP), onde os hackers invadiram e bloquearam o sistema. Os funcionários ficaram impedidos de lançar atestados, fazer rescisões de trabalho e contratações. Os pagamentos de fornecedores da administração municipal também estão comprometidos.
O delegado de São João, Carlos Eduardo de Souza, está levantando
informações para chegar até o hacker. Além da invasão, ele pode
responder por outro crime. “Outras 18 empresas que também utilizam esse
mesmo software também foram lesadas com essa invasão ao sistema, um
desses casos é a Prefeitura [de Pratânia]. O que nós pretendemos é
entrar em contato com todas essas cidades, colhermos os elementos que já
detém sobre a autoria e assim trabalhar conjuntamente, inclusive com
delegacia especializada que possui um instrumental maior para que essa
investigação seja levada a efeito e ao final identificados os autores”,
explicou.