Programação também é coisa de criança. |
Em Belo Horizonte já é possível encontrar cursos livres que ensinam
programação para meninos e meninas com idades entre 8 e 13 anos. “A
questão da idade varia de acordo com o interesse. Nosso aluno mais novo
tem 5 anos”, conta Matheus Farley Lelis Vieira, sócio da escola Pequenos
Cientistas, especializada em iniciar os jovens na programação, e que
tem duas unidades na capital mineira, nos bairros Ouro Preto e Sion.
“O que a gente percebe é que as crianças ficam muito tempo no
computador, mas não necessariamente de forma útil. O curso muda isso
porque, por meio da programação de jogos, por exemplo, a criança
desenvolve o raciocínio matemático, a abstração, a criatividade”, afirma
Matheus.
Outra vantagem de aprender a programar, segundo o empresário, é que a
criança aprende a buscar soluções para problemas práticos, através da
computação. “Temos um aluno cuja mãe tem diabetes. Ele desenvolveu um
programa para calcular as calorias do que ela consome e auxiliar na
dieta que ela precisa fazer. E foi uma iniciativa dele, ninguém
sugeriu”, explica.
Para Matheus, a criança não precisa ter facilidade ou gostar de
matemática. “Muitas vezes, é o contrário. Os pais matriculam o filho
justamente porque a criança tem alguma dificuldade na matéria, mas gosta
de computador. O curso, nesse caso, funciona como motivação, porque é
impossível programar sem usar lógica e matemática”, afirma.
As escolas regulares também utilizam a programação para auxiliar no
desenvolvimento dos seus alunos. O colégio Loyola, na região Centro-Sul
da capital, usa programação de computadores em sua grade curricular. A
ideia é apresentar desafios para alunos do 6° ano do ensino fundamental,
nas disciplinas matemática, ciências e inglês.
“É muito melhor aprender programando no computador do que com cadernos e
livros”, opina Laura Alvarenga, 11, aluna do Loyola que está no 6° ano e
faz parte da iniciativa.
Para Laura, a utilização da plataforma Scratch, linguagem de
programação desenvolvida para crianças, além de ser um “jeito divertido
de aprender”, ajuda na fixação da matéria. “A informação fica mais firme
na nossa cabeça”, elogia. No caso de Laura, o conteúdo do projeto
envolveu o inglês. “Agora vamos aprender ciências”, comemora.
Linguagem criada no MIT permite que os pequenos programem com facilidade
O acesso de crianças e adolescentes à programação computacional foi
possível com o desenvolvimento de plataformas e linguagens
simplificadas. Tanto na escola especializada Pequenos Cientistas como no
colégio Loyola, as crianças aprendem a programar utilizando a linguagem
Scratch. A plataforma usa blocos que se encaixam e podem formar
programas interativos, história animadas ou jogos. “É uma linguagem totalmente visual, mas a lógica é a mesma de qualquer
outra plataforma. Por isso é uma boa introdução”, explica Matheus Farley
Lelis Vieira, da Pequenos Cientistas. O Scratch foi desenvolvido em 2003 pelo Media Lab do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e já tem mais de 7
milhões de usuários cadastrados no mundo. Para utilizá-lo não é
necessário ter qualquer conhecimento prévio em computação. O país que
mais emprega o Scratch são os Estados Unidos, onde estão 42,83% dos
usuários. Mais de 2% dos usuários estão no Brasil, o que faz com que o
país esteja entre os dez primeiros colocados em utilização. Existem outras linguagens de programação que são dirigidas para fins
educativos e jovens, como NetLogo, MicroMundos e o Etoys. Porém, na
opinião dos especialistas, elas não apresentam uma interface tão
acessível como o Scratch.
Fonte: O TEMPO