sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Polícia leva até um ano para desvendar crimes cibernéticos.

Polícia leva até um ano para desvendar crimes cibernéticos.
Polícia leva até um ano para desvendar crimes cibernéticos.
Diversos estudos mostram que as empresas levam algumas centenas de dias para descobrirem que foram atacadas. Se este número já é capaz de causar arrepios em qualquer CEO preocupado com a segurança de sua organização, imagine se ele soubesse que a investigação de um crime pode levar até um ano para ser desvendado. Pois é esse o prazo médio que uma ocorrência virtual leva para ser decifrada no Brasil.

Segundo Emerson Wendt, delegado de Polícia especialista em investigação de crimes cibernéticos, a média de apuração de delitos informáticos é maior, porque há uma fase técnica de análise de dados, de entender a prática da ação ilícita e, com base nisso, estabelecer as próximas estratégias. “Também é preciso contar com o apoio de provedores e servidores, o que demanda mais tempo. Dependendo do caso e da complexidade, uma investigação leva até sete meses. Quando é preciso cooperação internacional, a média é entre nove e 12 meses”, afirma.

Desafios

Wendt relata que obter dados de provedores de aplicações internacionais atrasa bastante a investigação, já que alguns rejeitam as ordens judiciais brasileiras. Quando se trata de conteúdo, por exemplo, muitas interpretam uma ação como direito à liberdade de expressão. Porém, se há suspeita de fraude, algumas fornecem dados cadastrais e logs de acesso.

Além disso, acrescenta-se o fato de o Brasil enfrentar grandes problemas de estrutura e processos. “É preciso qualificar melhor os policiais, juízes, promotores e advogados para compreenderem o funcionamento, a terminologia e a tecnologia em si para realizarem um trabalho mais bem feito”, sugere. Em sua opinião, falta mais conhecimento técnico e científico dos envolvidos nas práticas investigativas. “Se você quer apurar um crime de internet precisa dominar a plataforma pela qual aconteceu o ato”.

Organizações sob risco

Entre os crimes mais difíceis de serem investigados estão os ataques de negação de serviço (DDoS) e o Ransomware, tipo de malware que restringe o acesso ao sistema infectado e cobra um valor de "resgate" para o acesso ser restabelecido. “O primeiro por ser um ataque que vem de vários locais ao mesmo tempo, com programação remota, sendo bastante complexo de analisar. O segundo pela dificuldade de quebrar a criptografia”, explica. O especialista afirma que não conhece casos recentes de alguém que tenha conseguido quebrar o código, senão mediante pagamento do resgate.

O que chama a atenção, segundo Wendt, é o crescimento de ataques do tipo Ransomware no mundo, inclusive, no Brasil. Isso mostra o quanto as organizações estão ignorando itens básicos de Segurança da Informação, como backups constantes. O especialista afirma que se uma organização realizasse backup a cada 24 horas ou semanalmente, o que é esperado de uma empresa de grande ou médio porte, o prejuízo seria mínimo e mais fácil de ser recuperado.

Isso quer dizer que, se as empresas estivessem fazendo a lição de casa, sem dúvida, essa prática seria abolida ou, no mínimo, reduzida drasticamente. “Geralmente, paga-se quando não se tem o backup, ou seja, se há educação prévia e compliance, isso possivelmente seria eliminado”, finaliza.





> Comunidade Brasileira de Sistemas de Informação
> Fundada em 13 de Outubro de 2011
> E-mail: comunidadebsi@gmail.com
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