Ex-panfleteiro cria escola de desenvolvimento de games no interior da Bahia. |
Há alguns anos, estudar efeitos visuais era algo caro e restrito a
quem pudesse viver em grandes centros econômicos, como São Paulo e Rio
de Janeiro. Não mais. A Gracom, rede de escolas de computação gráfica,
tem crescido em cidades do Norte e do Nordeste do país, atendendo à
demanda reprimida de quem vive nessas regiões.
Fundada em 2008, na Bahia, hoje a rede tem 15 unidades em cidades como
Fortaleza (CE), Belém (PA), Recife (PE) e Manaus (AM), e deve chegar a
11 mil alunos até o final de 2015. Agora, o grupo fechou uma parceria
com a consultoria Cherto, e vai investir na expansão através de franquias.
O objetivo é chegar a 72 unidades até 2017. Já o faturamento da rede
deve saltar de 16 milhões de reais em 2014 para 21 milhões neste ano.
Esse plano de expansão visa aproveitar o bom momento do mercado de games - de acordo com uma pesquisa da Newszoo, o setor deve crescer 18% na América Latina em 2015.
Ex-panfleteiro
O fundador da empresa, Diego Monteiro, nunca trabalhou com tecnologia,
muito menos com games ou cinema. Seu interesse pelo setor começou quando
ele distribuía panfletos de uma escola de computação no Rio de Janeiro.
De família pernambucana, o empreendedor vivia com parentes na capital
fluminense, e desde adolescente trabalhava para ajudar a pagar as
contas.
“Gostava do trabalho com os panfletos. Tinha metas, precisava mostrar
resultados”, lembra. Porém, Monteiro conta que sua família queria que
ele seguisse uma carreira pública. Jovem, ele obedeceu e chegou a passar
no concurso para a academia militar. Mas não se adaptou. “Sempre gostei
de metas, não me via no setor público. Larguei a academia e voltei a
distribuir panfletos”, lembra.
A ideia para criar sua própria escola de computação veio durante o
trabalho num evento para fãs de animes (desenhos animados japoneses).
“Percebi que era uma área com muito púbico, mas com pouca gente que
soubesse produzir. A escola em que eu trabalhava ensinava só o pacote
Office, como a maioria na época”, lembra.
Feira de Santana
Foi o “start” para a ideia de criar uma escola de computação gráfica
acessível. “Eu ouvia falar de brasileiros que trabalhavam na Marvel, na
Pixar, e via que a maioria era autodidata. Estávamos engatinhando nessa
área no Brasil. A tecnologia estava em polos específicos, como Rio e São
Paulo, e os cursos eram caríssimos”, afirma.
Monteiro se uniu a um sócio investidor e deu início ao negócio. A
empresa começou na cidade de Feira de Santana, interior da Bahia, bem
longe de onde os estudantes de computação gráfica estavam acostumados a
estudar. “Eu tinha poucos recursos, então resolvi começar numa região
mais barata. Hoje vejo que mudamos a mão de obra desse setor e ajudamos a
expandir a tecnologia pelo país”, afirma.
Dentre os conteúdos oferecidos pela Gracom estão arte e desenvolvimento
de games, animação 3D, efeitos especiais para cinema, desenho para
arquitetura e esculturas para computação gráfica. Hoje, a Gracom é um
centro de treinamento autorizado pela Adobe. A mensalidade dos cursos
fica entre 250 e 450 reais e, segundo o empreendedor, os alunos têm uma
empregabilidade de 75%.
Em seu projeto de expansão, a rede agora quer abrir unidades também nas
regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país. Para os franqueados, o
investimento inicial é de 230 a 250 mil reais, com prazo de retorno de
14 a 18 meses. O faturamento médio de uma escola é de 150 mil por mês,
segundo a franqueadora.