terça-feira, 2 de junho de 2015

Conheça a alta tecnologia na formação dos oficiais da Marinha Mercante.

Simulador do CSA, no Rio de Janeiro, reproduz sala de controle de um navio de apoio para atividades offshore
Simulador do CSA, no Rio de Janeiro, reproduz sala de controle de um navio de apoio para atividades offshore
A evolução da navegação mundial, com o uso cada vez maior de recursos eletrônicos nas embarcações, e o aumento das atividades offshore no País forçaram a definição de novas estratégias para a qualificação de oficiais da Marinha Mercante. E a ferramenta escolhida para melhorar o treinamento desses profissionais é a tecnologia, principalmente os sistemas de simulação, que reproduzem situações reais de emergência que podem ser enfrentadas pelos aquaviários em alto-mar. 

No Rio de Janeiro, o Centro de Simulação Aquaviária (CSA) foi idealizado há dez anos, pelo Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), para a qualificação de profissionais da área. Ele é administrado pela Fundação Homem do Mar (FHM) e oferece cursos para os bacharéis em Ciências Náuticas formados pela Escola de Formação de Oficiais de Marinha Mercante (Efomm).

No CSA, a principal premissa é mostrar ao aluno, que já é um profissional da Marinha Mercante, situações que podem ser enfrentadas no dia a dia do trabalho no mar. Para isso, a ferramenta mais utilizada é a simulação. O ambiente em que são aplicados esses exercícios conta com um passadiço (a ponte ou sala de comando, de onde se navega a embarcação) de um navio de apoio a operações offshore, composto por um console de vante e outro de ré – que podem ser usados como dois navios independentes. Os equipamentos levam em consideração a intensidade da corrente e do vento, a altura das ondas, a influência da maré e a interação com o fundo e com outras embarcações.

O balanço do navio e as condições meteorológicas, com a possibilidade de chuva, neve, gelo, relâmpagos e trovões, também podem ser reproduzidos no ambiente, assim como o nível de iluminação – luz do dia, crepúsculo ou escuridão. Há ainda a possibilidade de visualizar as constelações, conforme a região geográfica do exercício que está sendo realizado. 

O cenário na sala se torna tão real que, em alguns casos, alunos ficam até enjoados, mareados, como se estivessem a bordo. E a ideia é justamente esta: proporcionar ao aquaviário as mesmas situações enfrentadas durante uma emergência no mar. 

A simulação sempre foi utilizada neste sentido. Talvez aqui, no Brasil, a gente não tivesse essa consciência de usar pessoas pilotando navios dentro de uma sala de simulação e analisar as condições. Talvez fosse surreal, fora da realidade. E no local real, fosse tudo diferente. Não, a simulação está aqui para isso. Na aviação, já existe há muito tempo. Dentro do simulador, é muito factível, por exemplo, criar situações de emergências”, explicou o coordenador geral do FHM e do CSA, José Mário Santos Calixto.

Simuladores

Simuladores de praças de máquinas e programas de resposta a incidentes, destinado à atividades de prevenção e combate à poluição, integram a estrutura do CSA. Eles são usados em cursos voltados à proteção do meio ambiente e à segurança da navegação. 

A entidade também utiliza equipamentos que permitem a simulação de carregamentos e descargas em embarcações de granéis líquidos. A operação pode gerar situações críticas, em que é necessário tomar decisões rápidas ou ainda fazer cálculos exatos para garantir a estabilidade do navio. 

Temos o curso de Gerenciamento de Recursos. Esse tipo de curso é voltado para o comportamento do tripulante em caso de situações de emergências. A ferramenta da simulação é excelente para análise”, explicou o coordenador-geral do CSA.

Segundo José Mário Santos Calixto, a principal mudança nos programas de qualificação profissional do setor aquaviário, ao longo dos anos, foi a entrada da tecnologia. “Na verdade, as embarcações sempre foram muito tecnológicas quando comparadas a outros veículos, como os carros, por exemplo. Mas, nesses últimos anos, com o advento das áreas de exploração, as embarcações offshore começaram a ter bastante equipamentos, que logicamente tem um valor agregado bastante grande a bordo. Dentro do próprio passadiço, por exemplo, a carta (a carta náutica, o mapa com informações sobre a geografia da costa ou de um rio), que era de papel, passou a ser eletrônica. Os próprios radares foram ganhando características que melhoram sua performance. Os equipamentos para sistema de referência também. A todo momento, eles foram se atualizando”.

Treinamentos

Neste novo cenário da navegação, a qualificação passou a ser mais do que um diferencial. Tornou-se uma necessidade. Para o coordenador do CSA, é importante que o oficial de Marinha Mercante tenha em mente que, na profissão, a atualização deve ser constante, mesmo que não sejam exigidas novas capacitações. 

Há treinamentos que são feitos pois o aquaviário precisa de uma certificação exigida por um órgão. E existem os que são importantes de serem feitos mesmo que nenhum órgão fiscalizador cobre isso, como o da situação de emergências”, destacou o coordenador geral do Centro de Simulação Aquaviária, José Mário Santos Calixto.





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