Livox. |
“Essa é a primeira vez na história que inteligência artificial e consciência contextual foram usadas para criar algoritmos que atendam às necessidades de pessoas com deficiência”, argumenta Carlos Pereira, criador do Livox, sobre os diferenciais que o levou a ser premiado pela Copa do Mundo de Tecnologia. Também participaram da disputa a plataforma para treinamento de estudantes de engenharia Labicom, da Rússia; o simulador de negócios em 3D VirBELA, dos Estados Unidos; e o conteúdo em 3D para educação Corinth, da República Checa.
O app foi criado por Carlos Pereira para promover autonomia na comunicação de sua filha, Clara Pereira, de sete anos, que tem paralisia cerebral. Antes de chegar a solução viável, o diálogo com a criança era feito por meio de um catálogo de “falas” ditas em voz alta, quando selecionadas por ela. O analista de sistemas pediu auxílio a desenvolvedores internacionais para criar uma ferramenta em português, mas não conseguiu, e implantou uma clínica de fisioterapia em Recife, Pernambuco, onde reside e da qual ainda é diretor, para beneficiar sua filha e a população local, com apoio de investidores estrangeiros.
Clara Pereira e os usuários tocam a tela do tablet com o software instalado para expressar por comando de voz suas emoções, necessidades e desejos, como o de se alimentar, por exemplo, entre outras coisas. O software contém um catálogo de 20 mil imagens, que podem ser utilizadas em conjunto com textos e também permite o acesso a atividades culturais, como filmes, desenhos e músicas. Os usuários também conseguem aprender a ler, adquirir vocabulário e estudar matemática.
O aplicativo é baseado em algoritmos inteligentes, como o IntelliTouch, que se ajusta a diferentes graus de deficiência motora, cognitiva e visual, sendo capaz de corrigir o toque impreciso na tela do tablet da pessoa com deficiência. O teclado virtual da ferramenta fala automaticamente por comando de voz palavras ou frases que estão sendo digitadas, o que torna possível a comunicação do usuário com outras pessoas. O software permite a criação de pranchas com imagens personalizadas e o compartilhamento do conteúdo entre tablets com a ferramenta instalada.
Até 2016, um projeto da rede municipal de ensino de Recife, em Pernambuco, pretende beneficiar cinco mil estudantes especiais com acesso ao Livox. O objetivo é garantir uma rotina diária em sala de aula e o convívio social dessas pessoas. O Livox é utilizado por 10 mil usuários em 25 idiomas, entre famílias e instituições de assistência, como a brasileira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). A ferramenta também é estudada pelo centro de pesquisas para as áreas de cabeça, pescoço e TI do Hospital das Clínicas, o maior da América Latina, localizado em São Paulo.
Fonte: Bitmag