BRICS que por fim ao monopólio americano. |
Em julho de 2015, em Ufa (Rússia), terá lugar um
encontro de chefes de estado dos BRICS. Um dos pontos-chave na agenda da
reunião será a discussão de medidas conjuntas para liquidar o
desequilíbrio no setor de TI, informou o chefe do Ministério das
Comunicações da Rússia, Nikolai Nikiforov.
Hoje, nos
principais setores de software, tanto o mercado mundial como o mercado
russo são dominados por fabricantes norte-americanos. Por causa disso
surgem riscos para os consumidores, inclusive ameaças para a segurança
de países.
As formas podem ser diferentes. Estas incluem
até mesmo ataques cibernéticos contra alvos significativos: por
exemplo, os sistemas de computadores de estruturas ligadas aos Jogos
Olímpicos de Sochi de 2014 foram atacados 57 milhões de vezes.
Aparentemente, alguém queria muito atrapalhar o processo de preparação e
realização dos Jogos. Um ataque cibernético contra os computadores da
usina nuclear de Bushehr no Irã levou a uma paragem temporária de suas
centrífugas. Outra forma é a coleta oculta de informações secretas e
pessoais. A magnitude dessa vigilância foi revelada ao mundo pelo
ex-oficial de inteligência norte-americana Edward Snowden.
Proteger-se
contra essas ameaças só é possível abandonando o uso de produtos
informáticos controlados pela inteligência norte-americana. Além disso, a
transição deve ser abrangente, só uma alteração do firmware de
computadores pode não ser suficiente, nota o perito em inteligência
competitiva, o professor Evgueni Yuschuk: “Mesmo se
todos usassem programas não-norte-americanos, os Estados Unidos ainda
seriam capazes de coletar dados. Porque eles fazem-no não em
computadores de usuários, mas, como regra, nos canais de transmissão de
informações. Ora, as ameaças para usuários específicos
estão diretamente relacionadas com o software. Se algures numa
embaixada, por exemplo, há um computador, então, obviamente, conhecendo
esse computador e tendo acesso ao sistema operacional usado, é bem
possível ter acesso a ele. Este risco existe. E existe também o risco de
desligação. Basta simplesmente desligar, e todos os sistemas de
comunicação entrarão em colapso. Isto pode ser crítico”.
A
desmonopolização do mercado de TI irá ajudar parcialmente a resolver o
problema. Os países BRICS pretendem abordar esta questão. Além disso,
cada participante deve concentrar seus esforços naquele segmento de
desenvolvimento de software em que é mais forte, acredita um dos
principais analistas do Centro Público Regional de Tecnologias de
Internet, Urvan Parfentiev: “Os países BRICS têm o seu
próprio potencial que permite resolver vários problemas. Por exemplo, na
Índia já existem cinco parques tecnológicos. Neles estão concentrados
programadores que executam tarefas para uma variedade de clientes,
inclusive para empresas norte-americanas ”.
A Rússia,
continua o perito, tem tido algum sucesso no desenvolvimento de tipos de
software específicos. O forte dos parceiros chineses é o
desenvolvimento de uma linha de hardware, o forte do Brasil é o software
livre. Juntando esforços, o grupo BRICS pode eliminar a distorção que
existe em tecnologia da informação.
Segundo declarou o
ministro das Comunicações da Rússia, Nikolai Nikiforov, até julho do
próximo ano os especialistas em TI dos países BRICS irão desenvolver um
plano de ação conjunto específico que apresentarão aos líderes dos
países na cúpula em Ufa.