domingo, 21 de setembro de 2014

Procura por curso de TI dispara em universidades no Brasil.

Duração reduzida e currículo mais prático focado na preparação do mercado de trabalho têm levado a um aumento expressivo no número de matrículas de cursos na área de tecnologia da informação. Diferentemente das graduações tradicionais, os cursos tecnólogos e com foco em desenvolvimento de programas e aplicativos (Apps) ganham cada vez mais adesão. Com aulas focadas no treinamento prático, os alunos aplicam exercícios que vão utilizar no mercado e a expansão de matrículas têm surpreendido. Houve crescimento de 51% nos últimos quatro anos. Em 2009, 486.730 estudantes estavam matriculados em cursos desta modalidade. Em 2012, o número havia subido para quase um milhão de alunos, conforme o Censo da Educação Superior e o Inep. 

O mercado observa que a demanda pelo ensino de TI cresce, ao passo que a idade dos alunos diminui. O presidente-fundador do grupo Impacta de tecnologia educacional, Célio Antunes, acredita que para esses jovens o segmento é promissor, principalmente porque classifica os alunos como interessados em aprender uma linguagem do futuro. "O cara não vem até uma aula de programação, design ou arquitetura de redes para brincar. Vem com visão empreendedora, aquilo que eu chamo de "Visão 360 graus", um olhar sobre tudo o que precisa para ter sucesso", diz.

O Grupo Impacta faturou R$ 50 milhões no ano passado e projeta fechar 2014 com ganhos na faixa de R$ 55 milhões. Depois de 25 anos de fundação, a empresa acaba de abrir uma planta de 10 mil metros quadrados na cidade de São Paulo, comprada com parte de capital próprio e outra parcela financiada. O local, na Barra Funda, está pronto para atender 20 mil estudantes. A demanda neste mercado, segundo Antunes, cresce 15% ao ano. Com quase quatro mil alunos somente na nova unidade e 600 funcionários, ao todo, a empresa vê crescimento de 500 alunos ao ano. Assim, a companhia espera chegar ao final de 2014 com mil novas matrículas.

Segundo Célio Antunes, a evasão dos matriculados é próxima do zero, por conta dos preços dos cursos, que são altos e do foco empreendedor que o perfil dos alunos apresenta. Além da alta procura por seus cursos, o empresário afirma que já recebeu turmas inteiras de outras universidades, por conta da especialização tecnológica das graduações que a Faculdade Impacta oferece.

Fusões no mercado
O mercado brasileiro de educação, como um todo, se mostrou aquecido nos últimos anos. Em 2013, o setor ainda assistiu a fusão que resultou na maior companhia de educação do mundo, a Kroton Educacional, estimada em R$ 12 bilhões e com ações listadas na BM&F Bovespa. Ainda no panorama geral de ensino, apenas de 10% a 12% da população brasileira tem hoje formação em nível superior. Em áreas específicas como TI, a participação no mercado de ensino é ainda menor, contudo isso deve mudar.

O professor de Sistemas da Informação na Universidade Anhanguera, José Ricardo de Oliveira, indica que dos cursos que a instituição ministra, quase 20%, ou seja, um quinto do total de alunos da instituição, já estão matriculados em área de TI - número considerado alto. "O mercado solicita cada vez mais profissionais qualificados para essa área e falta mão de obra para atender toda essa demanda, o que explica a procura de cursos como esse, que deve se manter alta", indica.

Nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), a área de tecnologia é um pouco diferente. "Os alunos que procuram esses cursos são também pessoas que estão no mercado de trabalho, alunos mais velhos ou que precisam de uma graduação mais rápida, efetiva e que os entregue especializados para o mercado de trabalho", como afirma o coordenador dos cursos de graduação tecnológica em marketing, comércio exterior e logística da FMU, Arnaldo Vieira da Silva. Ele diz que o número de matrículas vem crescendo nesses cursos, que têm em comum a formação concretizada em prazo considerado curto, de até dois anos e meio.

Não são apenas as instituições de ensino que têm ganhado mercado com união dos setores de tecnologia e educação. Empresas de outras áreas têm visto um nicho com produtos como os da canadense Smart Tech, fabricante de lousas interativas, displays digitais e software dedicados à educação. Os produtos da empresa liderada no Brasil por Nelson Mariano (ex-Motorola) indicam que uma nova forma de educação pode ser aplicada nas salas de aula, de forma colaborativa. A empresa desenvolve o software Smart Notebook com ferramentas interativas que englobam textos e conteúdo multimídia nas lousas, além de disponibilizar o Smart Amp, plataforma de conteúdo na nuvem, que pode ser utilizada como biblioteca ou aplicação para transmissão de aulas remotas.

Mudanças como as observadas nos métodos de ensino são necessárias porque o próprio termo tecnologia vem mudando de configuração ao longo do tempo. É o que diz a coordenadora pedagógica nacional de tecnologias da Universidade Estácio, Simone Markenson. "Não se pensa mais em um PC em cima da mesa, já pensamos em smartphone, e até em internet das coisas. É razoável que os cursos precisem ser atualizados numa frequência maior e estar prontos para atender demandas que ainda nem existem."

Nova postura
A procura por cursos específicos de tecnologia da informação deixou de ser apenas por alunos que querem se alfabetizar em linguagens de sistemas e softwares. O nicho conta agora com pessoas com espírito empreendedor. É o que afirma a vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes. Ela indica que as universidades privadas esperam procura por cursos do gênero tecnológico não só crescente, mas cada vez mais sofisticada. No futuro, o analfabeto digital será quem não souber programar apps. "O setor de TI envolve a plataforma através da qual você desenvolve o seu produto. O aluno brasileiro antes fazia faculdade para arrumar um emprego. Hoje, ele faz isso para procurar a sua praia, fazer o seu futuro e achar sua própria empreitada", diz.





> Comunidade Brasileira de Sistemas de Informação
> Fundada em 13 de Outubro de 2011
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