O presidente da
Brasscom, Antonio Carlos Rego Gil, aproveitou a concentração de
jornalistas estrangeiros presentes no International Press Tour promovido
pela SAP para mostrar como e porque o segmento brasileiro de tecnologia
da informação e da comunicação (TIC) deverá ser o quarto maior mercado
mundial daqui a dez anos. Segundo ele, os volumes movimentados já
colocaram o país no quinto posto do ranking em 2011. Mas, ao contrário
de perseguir o modelo indiano apoiado em mão de obra farta e barata, o
objetivo em vista envolve mais do que o aspecto quantitativo e foca em
capacidade de criar, visão inovadora e segmentos de nicho de alto valor,
como mercado financeiro e governo eletrônico. “O mercado brasileiro é
grande e sofisticado”, descreveu Gil.
No ano passado, com 103 bilhões de dólares, o mercado brasileiro de TI ocupou o sétimo posto mundial. Mas o segmento de comunicação sozinho ficou em quarto lugar, com mais 95 bilhões, e os 198 bilhões totais absorvidos pela TIC já fazem do País o quinto maior do mundo neste quesito.
Além disso, o Brasil se destaca com características como a intensidade do uso de tecnologia em segmentos como serviços financeiros – são 10 bilhões de dólares de investimentos e 66 bilhões de transações bancárias ao ano – e governo – Gil não perdeu a oportunidade de lembrar que por aqui não ocorrem mais problemas com eleições, cujos votos são contabilizados manualmente, como ocorreu na Flórida (EUA), em 2000, por ocasião da reeleição do presidente George W. Bush. “Em três horas saem os resultados de 135 milhões de eleitores. São ainda mais de 24 milhões de declarações de imposto de renda eletrônicas”, contabilizou.
O executivo observou também que o desempenho de setores como óleo e gás e agricultura ao mesmo tempo impulsionou e foi sustentado pela tecnologia e que o País conta com outras riquezas como o perfil diversificado de sua população e sua posição geográfica. “Em 2040 o Brasil será a quarta maior economia do mundo”, prevê. Daqui a dez anos, avalia, o mercado global de TIC e outsourcing passará dos atuais 1,6 trilhão de dólares para 3 trilhões; no mesmo período, o Brasil saltará para 209 bilhões – mas suas exportações devem crescer quase dez vezes, saltando dos 2,6 bilhões de dólares estimados em 2011 para 20 bilhões em 2022. Em parte, diz, as exportações brasileiras hoje são modestas pelo potencial representado pelo mercado interno.
A Brasscom está desenvolvendo estudo com a McKinsey para conhecer melhor o cenário da próxima década. Mas, de acordo com Gil, algumas medidas governamentais já estão estimulando a conquista de uma posição global mais expressiva em TIC. Uma delas é a lei 12.546, que desonerou a folha salarial ao trocar os 20% de contribuição social por 2% de arrecadação sobre a receita total. Outra é o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), com fundos destinados a treinar 8 milhões de profissionais de nível médio. Os investimentos em infraestrutura estimulados pelos eventos mundiais e pelo apreço nacional à comunicação – como refletidos nos índices de penetração de celulares e de uso de redes sociais –, e programas como Ciências sem Fronteiras, de estímulo à inovação pelo financiamento de estudantes nas melhores universidades mundiais, compõem o pacote de fomento tecnológico para colocar o Brasil entre os maiores do planeta.