Até onde um grupo de amigos reunidos na praça de alimentação de um shopping pode chegar com uma ideia? Foi nesse cenário que quatro joinvilenses começaram, sem grandes pretensões, a planejar uma empresa. Hoje, Mayara Martins Sakata, de 23 anos; André Guimarães Sakata, de 22; Leonardo Salomão dos Reis, também de 22; e Carlos Eduardo Justino, de 24, vivem a realidade de serem empreendedores.
O projeto criado pelo quarteto, a Playdea, plataforma interativa na qual professores utilizam o conteúdo de sala de aula para potencializar o aprendizado dos alunos a partir de jogos, foi selecionado pelo Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed), ou Desenvolvimento do Ecossistema de Empreendedorismo e Startups, um programa de aceleração de novos negócios criado pelo governo de Minas Gerais.
Com exceção de Leonardo, que já tinha um intercâmbio marcado para a Islândia, os jovens se mudaram para Belo Horizonte. Durante seis meses, eles ficarão focados na avaliação de estratégias de mercado e público-alvo e na construção dos primeiros protótipos para a aplicação da plataforma.
A conquista é para poucos. Ao lado da Playdea, apenas outras 39 startups, selecionadas entre 1.367 projetos de 32 países – como Estados Unidos, Itália, Bolívia, Espanha, Uruguai, França e México – terão acesso a recursos financeiros para desenvolver melhorias nos produtos, além de receberem orientação de especialistas.
União de talentos
Todos os integrantes da Playdea são recém-formados. Mayara é publicitária e casada com André, graduado em sistemas de informação, assim como Leonardo. Já Carlos Eduardo é designer gráfico.
A trajetória do quarteto teve início quando decidiram participar do Startup SC, programa do Sebrae-SC para desenvolver e fortalecer pequenos negócios com potencial de crescimento. Entusiasmados com a experiência, estruturaram melhor a ideia da plataforma internativa e arriscaram a inscrição no Seed.
A seleção para o projeto transformou a vida dos jovens: em um prazo de cinco dias, eles precisaram organizar tudo para partir para Belo Horizonte. De acordo com Mayara, o grande desafio para conseguir a classificação para o programa foi provar a relevância do projeto, mostrando o potencial de negócio e a sua viabilidade técnica.
Como funciona
A Playdea (www.playdea.com.br) é uma plataforma que busca estimular o aprendizado dos alunos em sala de aula por meio de jogos interativos. O nome do projeto é uma junção da palavra inglesa play (que significa jogar, brincar) com a palavra grega paideia, que designa o resultado do processo educativo de formação. A proposta é quebrar o modelo tradicional de ensino, baseado em aulas expositivas que, muitas vezes, não despertam o interesse dos estudantes.
De acordo com Mayara, a união entre ensino e diversão incentiva o aprendizado e contribui para a fixação do conteúdo. Tudo começa com o professor, que acessa a plataforma por meio de uma conta com login e senha. Ele seleciona a sua disciplina e cria o desafio que quiser. A partir de então, cabe aos alunos, que podem interagir entre si, acumularem pontos e passarem de níveis, vencendo os desafios.
— É uma ferramenta em que todos que estiverem interagindo terão papel importante. O professor, com propostas, desafios e atividades; os alunos, em participar e avançar os níveis; e os pais, que têm a possibilidade de acompanhar o andamento das tarefas de maneira simples e rápida por meio de relatórios mensais — esclarece Mayara.
Próximos passos
Hoje, a plataforma ainda funciona como um protótipo. O usuário que tiver interesse pode se cadastrar e utilizar as ferramentas gratuitamente durante 30 dias. De acordo com Mayara, o modelo de receita, em princípio, funcionará por conta. Se um professor for usar o Playdea para uma turma de 50 alunos, por exemplo, a escola deve pagar por cada um deles. O valor, no entanto, é praticamente simbólico: apenas R$ 0,99, incluindo a conta do professor.
A partir de agora, os jovens empreendedores joinvilenses pretendem criar um modelo de negócio sustentável e até mesmo se tornar referência neste tipo de mercado, com traduções da plataforma para o inglês e o espanhol. A meta é colocar a ferramenta em 12 escolas até o fim deste ano. Outra missão é correr atrás de parcerias e consolidar a ideia de transformar as salas de aula em ambientes produtivos.
— Queremos que a Playdea seja divulgada para os alunos de ensino médio — afirma Mayara.
Via: Clicrbs