Com um mercado ainda frágil na área de TI, a Bahia chegou a ser considerada um dos principais polos do setor no país há cerca de duas décadas. Hoje, o estado forma mais gente do que emprega nesse setor, o que reflete o baixo número de empresas e as contratações em ritmo lento, em comparação com outros estados do país.
Segundo o estudo da Brasscom, em 2013, 711 vagas foram criadas, enquanto 1.262 mil pessoas foram formadas. Para este ano, a previsão é de que 852 contratações sejam realizadas, enquanto 1.313 pessoas serão formadas.
O resultado é que a mão de obra formada aqui acaba indo para outros estados, ou porque há poucas vagas ou por conta das enormes disparidades entre os salários pagos por empresas de TI na Bahia e no eixo Sul-Sudeste, por exemplo.
Hoje, as diferenças salariais são gritantes: enquanto um programador da área de software, por exemplo, chega a receber até R$ 15 mil em grandes empresas que atuam em São Paulo, aqui, esse salário varia entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil.
O mercado local acaba se tornando pouco atraente para os profissionais aqui formados. Até outros estados do Nordeste, como Pernambuco, por exemplo, pagam melhor e abocanham parcela da mão de obra formada na Bahia.
O estado vizinho é, inclusive, o que tem situação mais equilibrada: este ano, serão abertas 1.019 vagas, enquanto 1.075 profissionais serão formados. Aos poucos, Pernambuco tem se tornado uma referência em TI no Nordeste.
Realidade
O discurso do jovem Adelmo Alves Júnior, de 24 anos, reflete a realidade do mercado baiano. Ele se formou no final de 2011 e hoje trabalha como analista de desenvolvimento de sistemas no setor de TI de uma empresa, onde está há cinco meses.
“A Bahia é um dos piores locais para TI, porque o salário é bastante baixo. Em São Paulo, praticamente se paga o triplo para um recém-formado, em relação a uma pessoa que trabalha aqui há mais de 5 anos”, protesta.
Segundo ele, além disso, as empresas resistem em capacitar sua mão de obra e exigem qualificação alta. “Eles sempre exigem funcionários que saibam fazer de tudo. Os estagiários já têm que chegar na empresa sabendo bastante”, afirmou.
Júnior observa que as empresas também não investem nas tecnologias da informação em Salvador. “O setor de TI ainda é tido como pouco ativo nas empresas, que não percebem a importância desse setor para a organização”, diz ele, que ganha entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. “Não pagam mais que isso, diferente de São Paulo”, reclama.